21 maio 2008

O Rei







"Mas o principezinho se espantava. O planeta era minúsculo. Sobre quem reinaria o rei?

- Majestade... eu vos peço perdão de ousar interrogar-vos...
- Eu te ordeno que me interrogues, apressou-se o rei a declarar.
- Majestade... sobre quem é que reinas?
- Sobre tudo, respondeu o rei, com uma grande simplicidade.
- Sobre tudo?
O rei, com um gesto discreto, designou seu planeta, os outros, e também as estrelas.
- Sobre tudo isso?
- Sobre tudo isso... respondeu o rei.
Pois ele não era apenas um monarca absoluto, era também um monarca universal.
- E as estrelas vos obedecem?
- Sem dúvida, disse o rei. Obedecem prontamente. Eu não tolero indisciplina.

Um tal poder maravilhou o principezinho. Se ele fosse detentor do mesmo, teria podido assistir, não a quarenta e quatro, mas a setenta e dois, ou mesmo a cem, ou mesmo a duzentos pores-do-sol no mesmo dia, sem precisar sequer afastar a cadeira! E como se sentisse um pouco triste à lembrança do seu pequeno planeta abandonado, ousou solicitar do rei uma graça:

- Eu desejava ver um pôr-do-sol... Fazei-me esse favor. Ordenai ao sol que se ponha...

- Se eu ordenasse a meu general voar de uma flor a outra como borboleta, ou escrever uma tragédia, ou transformar-se em gaivota, e o general não executasse a ordem recebida, quem - ele ou eu - estaria errado?

- Vós, respondeu com firmeza o principezinho.

- Exato. É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis."

Antoine de Saint-Exupery

Um comentário:

drih. disse...

como quem sou eu?

faça-me o favor!