03 junho 2008

Meireles, Saramago, Blindness, etc...

Continuando sobre o filme Blindness - Ensaio sobre a Cegueira do Fernando Meireles
Se alguem tinha duvida da qualidade do filme, ou se ao menos sairia algo digno de nota, tudo vem a baixo com a reaçao e na expreçao do autor do livro, numa seçao especial realisada em Lisboa para o propiro Saramago.


- Fernando...
- Nao precisa...(Fernando Meireles, falando inseguro)
- Eu estou tao feliz por ter visto esse filme...
... como estava quando acabei de escrever o livro
- Mesmo? (Meireles, falando aliviado)
- O senhor nao sabe como me deixa feliz

Confiram aqui







Aqui o relato do proprio Meireles para a Folha de São Paulo:

FERNANDO MEIRELLES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de uma semana que pareceu uma verdadeira montanha russa emocional, saí de Cannes no sábado e fui para Lisboa mostrar o filme “Ensaio sobre a Cegueira” para o autor da história, José Saramago.
Por meses, antecipei o quanto a sessão me deixaria ansioso -e não estava errado. Infelizmente, o cine São Jorge, que nos foi reservado, não tinha projeção digital, então foi improvisado um sistema para passarmos nossa fita. Pensei em desistir de mostrar o filme ao ver um teste da projeção, mas o escritor já estava na sala de espera e, em respeito ao compromisso, achei melhor ir em frente.

Sentei-me ao seu lado, expliquei aos poucos amigos presentes que só havia legendas em francês e começamos a ver o filme. Sofri cada vez que uma imagem não aparecia ou que uma música mal soava. Ele assistiu ao filme todo mudo e sem reação nenhuma. Ao final da sessão, quando os créditos começaram a subir, sua mulher, Pilar, debruçou-se sobre Saramago e me agradeceu, emocionada. Silêncio ao meu lado. Antes de terminar os créditos principais, as luzes do cinema foram acesas, eu ousei olhar para o lado e vi que ele fitava a tela sem reação, como se estivesse interessado no nome dos assistentes de cenografia que passavam.

Deu tudo errado, pensei. Toquei seu braço levemente e lhe falei que ele não precisava comentar nada naquele momento, mas, então, com uma voz embargada, ele me disse, pausadamente: “Fernando, eu me sinto tão feliz hoje, ao terminar de ver este filme, como quando acabei de escrever “O Ensaio sobre a Cegueira’”. Apenas agradeci e ficamos ali quietos. Dois marmanjos segurando as próprias lágrimas em silêncio. Ele passou a mão nos olhos, disfarçando a sua. Pensei no meu pai. Emoção sólida, dessas que se pode cortar em fatias com uma faca. Num impulso, beijei sua testa.

Na conversa e no jantar que se seguiram, ele disse que não considera o filme um espelho de seu trabalho e que nem poderia ser assim, pois cada pessoa tem uma sensibilidade diferente.
Disse ter gostado da experiência de ver algo que conhecia, mas que, ao mesmo tempo, não conhecia. Falou que o filme não era perfeito, mas que nunca havia assistido a um filme perfeito. Comentou algumas imagens que o emocionaram especialmente e disse ter achado o nosso Cão das Lágrimas muito doce; preferia que fosse mais agressivo.

Quando lhe contei sobre as críticas favoráveis e contrárias ao filme em Cannes, incluindo a da Folha, ele imediatamente lembrou e recontou aquela historinha do velho que vem puxando um burro montado por uma criança. Um passante vê aquilo e acha absurdo a criança estar montada enquanto um velho caminha, então eles invertem a posição. Outro passante cruza com o grupo e reclama da situação: “Como um adulto deixa uma criança a pé enquanto vai confortavelmente montado?”.

Então, os dois montam no burro, mas alguém acha aquilo uma crueldade com um animal tão pequeno.
Finalmente, resolvem ambos carregar o burro nas costas, até que outro passante observa como são estúpidos por carregar o animal. E, enfim, o velho decide voltar para a primeira situação e parar de dar importância ao que dizem. “É isso que faço sempre”, concluiu o escritor.

Acabo de deixar José Saramago e sua mulher no Ministério da Cultura de Portugal, onde está sendo exibida uma retrospectiva de seu trabalho e sua vida.
Houve uma pequena coletiva de imprensa ali, depois de visitarmos juntos a exposição. Meu filminho de menos de duas horas me pareceu muito insignificante ao ser colocado ao lado daquela obra de uma vida inteira.

FERNANDO MEIRELLES tambem é o diretor de “Cidade de Deus”(2002) e “O Jardineiro Fiel”(2005), entre outros



Quem tem mais curiosidade sobre o filme
pode acessar o blog oficial da produçao que e escrito pelo proprio Meireles, que tambem e bastante interessante!
Enfim enquanto noa temos um filme de verdade como Blindness
estreiando por aqui, vamos ficar com o mais novo Narnia e o principe Caspa*




Joao
:)

Um comentário:

@rainervinicius disse...

Resposta:
não, não é por causa da Senhora 4 minutes não... até mesmo se fosse eu estaria interessado a muito mais tempo... fato é, que me interessei apenas agora.
Sobre o post, li algumas linhas e digo: "prefiro não comentar"...
até pq eu não gosto desse velho caduco do Saramago...
:R