01 julho 2008

O Tempo*

O tempo e o maior tesouro que o homem pode desfrutar, embora inconsumível, o tempo e o nosso melhor alimento. O tempo e o nosso bem de maior grandeza, não tem começo, não tem fim.
Rico não e o homem que coleciona e se pesa o amontoado de moedas, nem aquele devasso que se estende mãos, braços e pernas largas.

Rico, só homem que aprendeu piedoso e humilde a conviver com o tempo, aproximando dele com ternura, não se rebelando contra seu curso, andando antes com sabedoria, para receber dele os seus favores e não sua ira.
O equilíbrio da vida esta essencialmente nesse bem supremo.
E quem souber com acerto, a quantidade de vagar, e de espera, que se deve por nas coisas, não corre nunca o risco de buscar por elas, e se defrontar com o que não e. Pois só a medida justa do tempo da à medida natureza das coisas.

O tempo é largo, o tempo é grande, o tempo é generoso, o tempo é farto, é sempre abundante em suas entregas: amaina nossas aflições, dilui a tensão dos preocupados, suspende a dor aos torturados, traz a luz aos que vivem nas trevas, o ânimo aos indiferentes, o conforto aos que se lamentam, a alegria aos homens tristes, o consolo aos desamparados, o relaxamento aos que se contorcem, a serenidade aos inquietos, o repouso aos sem sossego, a paz aos intranqüilos, a umidade às almas secas.



Raduan Nassar, Lavoura Arcaica.

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